A Secretaria de Estado de Saúde (SES) promoveu, na manhã desta terça-feira, 24, uma coletiva de imprensa destacando ações de combate ao mosquito Aedes aegypti e de incentivo à imunização contra a febre amarela em Santa Catarina. O superintendente em Vigilância em Saúde da SES, Fábio Gaudenzi, apresentou o panorama estadual em relação aos focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, da febre do chikungunya e do zika vírus. "Nas duas primeiras semanas de 2017, já foram identificados 385 focos do mosquito Aedes aegyptiem 60 municípios, dos quais 51 são considerados infestados", destaca Gaudenzi.
Em relação às doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, nas duas primeiras semanas de 2017, foram notificados 182 casos suspeitos de dengue, dos quais 54 foram descartados por apresentar resultado negativo e 128 casos suspeitos seguem em investigação. Sobre a febre do chikungunya, 35 casos foram notificados, sendo um caso confirmado (faltando identificar se é autóctone), quatro descartados e 30 estão em investigação. E com relação ao zika vírus, sete casos foram notificados e seguem em investigação. Esses dados foram divulgados no Boletim Epidemiológico n°2 de 14 de janeiro 2017.
O secretário de Estado da Saúde, Vicente Caropreso, esclareceu a importância das ações de conscientização em relação às formas de prevenção e combate ao mosquito Aedes aegypti: “É preciso intensificar os cuidados para a eliminação dos focos do mosquito para diminuirmos o risco de novas epidemias. Por isso, no dia 2 de fevereiro teremos uma grande mobilização no Oeste do estado, que concentrou o maior número de casos e de municípios infestados em 2016. Estaremos reunidos com prefeitos e representantes das Secretarias Municipais de Saúde da região em Chapecó, discutindo formas de mobilizar diversos órgãos, bem como envolver a população, para que todos assumam sua responsabilidade”, comunica Caropreso.
Recursos e ações
Os 295 municípios receberão um suporte de R$ 3,2 milhões do governo federal para qualificação das ações de combate ao mosquito em 2017. O apoio será dividido em duas parcelas, a primeira recebida em janeiro, de R$ 1,9 milhão. A outra, no segundo semestre, está vinculada à realização do Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) e monitoramento entomológico no valor de 1,3 milhão.
Em 2017, a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive/SC) está prestando suporte técnico, supervisionando e assessorando os municípios, além de capacitar profissionais de saúde. Outra novidade é que desde o dia 19 de dezembro de 2016 os exames de dengue são realizados no Laboratório Central de Saúde Pública da Gerência Regional de Saúde de Chapecó (Lacen/Chapecó), de forma a agilizar o envio dos resultados para os 80 municípios da região Oeste e Extremo-Oeste do estado. Anteriormente, apenas o Lacen/SC, em Florianópolis, realizava essa atividade. Os exames de chikungunya e zika vírus são realizados no Lacen da Capital desde o final do ano passado. Outra ação é a distribuição do Teste Rápido da zika para os municípios realizarem a triagem dos casos.
LIRAa
Em 2016, a estratégia operacional para prevenção e controle da dengue, febre de chikungunya e do zika vírus no estado recomendou a realização do Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) em 72 municípios catarinenses, entre os considerados infestados pelo mosquito e os que estão em risco de infestação. Porém, apenas 54 realizaram o levantamento. Desses, 50 estão com baixo índice de infestação predial e quatro estão em médio risco: Sul Brasil, Maravilha, Balneário Camboriú e São Domingos, ou seja, apresentaram índices entre 1,1% e 3,9%. O levantamento foi realizado em novembro. O LIRAa prevê a vistoria de uma amostra de 20% do total de imóveis existentes no município e calcula o índice de infestação considerando imóvel com larva de Aedes aegypti/100 imóveis.
Apesar da classificação de risco satisfatória na maioria dos municípios, o resultado do levantamento é bastante preocupante. Do total de 57.176 recipientes que continham água inspecionados, 20.403 eram lixo e sucata, ou seja, 35,68%. “Apesar do baixo risco de infestação, os depósitos tinham água e, em clima quente e úmido, passam a oferecer todas as condições para o mosquito se reproduzir”, alerta João Fuck, coordenador do Programa de Controle da Dengue da Dive/SC.
Programa de controle da dengue
O programa de controle da dengue em Santa Catarina é coordenado, desde 2002, pela Gerência de Zoonoses e Entomologia Dive/SC, vinculada à Superintendência de Vigilância em Saúde. Dentre as estratégias estão a vigilância entomológica e controle vetorial, com a detecção precoce e o controle do mosquito; a vigilância epidemiológica, com a investigação dos casos suspeitos e a atenção à saúde, com o acolhimento e a classificação de risco com a finalidade de evitar casos graves e óbitos.
Febre amarela
O incentivo à imunização contra a febre amarela está sendo reforçado pelo Ministério da Saúde e pela Dive/SC, em virtude das notificações e confirmações de casos em Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo e Bahia. A imunização oferece total proteção contra a doença, que pode ter curta duração ou evoluir para formas graves e levar até mesmo à morte. A vacina é gratuita e está disponível nas salas de vacinação das unidades de saúde pública de Santa Catarina.
O secretário Vicente Caropreso enfatizou que a doença é uma preocupação nacional e que a população precisa estar em alerta para a principal medida de prevenção, que é a vacina. “Pessoas que residem em um dos 162 municípios catarinenses que fazem parte da Área com Recomendação de Vacina (ACRV), que ainda não foram imunizadas ou que receberam apenas uma dose há mais de dez anos, devem se vacinar. Além disto, aqueles que forem viajar para uma área de risco, num dos 3.530 municípios em ACRV, devem se vacinar pelo menos dez dias antes da viagem” afirma.
Apesar de Santa Catarina não registrar casos de febre amarela em humanos desde 1966, a vacinação contra a doença é indicada para 100% da população dos 162 municípios catarinenses que integram a Área com Recomendação de Vacina contra Febre Amarela (ACRV). A vacina faz parte do calendário vacinal nacional para os residentes e viajantes de municípios em ACRV, e é indicada para as pessoas acima de nove meses de idade, tendo eficácia de 95%, produzindo anticorpos protetores a partir do 10º dia após a vacinação.
O Ministério da Saúde definiu a manutenção de duas doses da vacina febre amarela no Calendário Nacional, sendo o esquema vacinal uma dose aos nove meses de idade com reforço aos quatro anos. Para pessoas de dois a 59 anos, a recomendação é de duas doses, a segunda após dez anos da primeira. “Idosos, gestantes e lactantes devem ser avaliados previamente por médicos antes de serem vacinados”, explica Vanessa Vieira da Silva, gerente de Imunização da Dive/SC.
Importante
O vírus da febre amarela se mantém naturalmente num ciclo silvestre de transmissão, que envolve primatas não humanos (hospedeiros animais) e mosquitos silvestres. O Ministério da Saúde realiza a vigilância de epizootias (doenças que atacam animais) desde 1999, com o objetivo de antecipar a ocorrência da doença.
Primatas não humanos
Os macacos têm um papel muito importante no combate da doença. Por conviverem no mesmo ambiente do vetor silvestre, são os primeiros a adoecerem, sinalizando que o vírus amarílico encontra-se circulando na localidade. Portanto, toda a morte de macacos deve ser notificada às autoridades de saúde municipais, para que sejam tomadas as devidas providências de investigação e vacinação da população local. “Qualquer cidadão pode notificar um provável óbito de macaco. Basta entrar em contato com a Secretaria Municipal de Saúde de sua região”, alerta Eduardo Macário, diretor de Vigilância Epidemiológica (Dive/SC).
› FONTE: Letícia Wilson e Patrícia Pozzo/Núcleo de Comunicação Diretoria de Vigilância Epidemiológica