O escritório municipal da Epagri em Frei Rogério foi um dos ganhadores do Prêmio Fritz Müller, promovido pela Fundação do Meio Ambiente de SC (Fatma). A empresa foi premiada na categoria agricultura sustentável com a tecnologia social carneiro hidráulico, adaptada para a realidade catarinense pelo extensionista rural Elcio Pedrão.
Em sua 18ª edição, o Prêmio Fritz Müller foi disputado por cases inscritos por 50 organizações, 13 das quais foram premiadas. O objetivo é destacar inciativas voltadas para a preservação ambiental. A divulgação dos ganhadores foi feita em 10 de novembro e a entrega acontece no dia 8 de dezembro, na sede da Fiesc, em Florianópolis.
O carneiro hidráulico é um equipamento capaz de bombear água de uma região mais baixa para uma região mais alta sem uso de eletricidade ou combustível fóssil. Feito com canos e outros materiais baratos e fáceis de encontrar, ele pesa 1,5kg e sua instalação é simples: um fluxo de água percorre um tubo de captação, ao passar pelo aparelho e atingir certa velocidade e pressão, uma válvula se fecha, interrompendo bruscamente o fluxo, surgindo o “golpe de aríete”. O equipamento utiliza este “golpe” para bombear água de um nível mais baixo para um nível mais alto sem a necessidade de combustível ou energia elétrica.
Essa é uma tecnologia ambientalmente correta, pois não contamina o solo e água e não promove degradação ambiental na instalação. É socialmente justa, já que é de fácil acesso a todas as classes sociais, uma vez que é produzida com peças facilmente encontradas em lojas de materiais de construção. O rendimento é pequeno, mas contínuo, e a manutenção também é pequena, sendo economicamente viável. O carneiro hidráulico é, portanto, autossustentável.
Em 2009, Élcio Pedrão promoveu a instalação do primeiro carneiro hidráulico, em Frei Rogério, que beneficiou uma família de cinco pessoas. Hoje, mais de duas mil famílias já tiveram o equipamento instalado com apoio da Epagri, relata Élcio. No total, pelo menos duas mil pessoas participaram de duas centenas de oficinas teóricas e práticas para divulgação da tecnologia, calcula o extensionista. Ele estima que mais de 50 mil bovinos passaram a matar a sede nos piquetes com água bombeada pelo carneiro hidráulico, deixando assim de pisotear nascentes e margens de rios. É preservação ambiental como taxa zero de emissão de gases poluentes.
Gerson Mauro Fertig, o primeiro agricultor a receber o equipamento em sua propriedade, só tem motivos para comemorar. “A instalação do carneiro hidráulico resolveu meu problema”, conta ele, que utiliza a água bombeada para matar a sede dos animais e também na estufa, jardins, horta, para limpeza das calçadas, do piso e para as piscinas na produção de mudas de grama. Ele relata um aumento de 10% na produção de leite, pois as vacas não precisam andar longas distâncias para beber água. As abelhas também são beneficiadas, já que no final do dia até elas aproveitam o bebedouro das vacas para matar a sede. Mas o principal ganho foi a economia de energia elétrica e de mão de obra. Antes, a família precisava buscar com balde 400 litros de água por dia para o gado.
Élcio conta que se surpreendeu com o sucesso da tecnologia, tanto no meio rural quanto no urbano. “Depois que o programa Globo Rural gravou matérias aqui em Frei Rogério, em 2013 e 2015, minha vida virou de cabeça para baixo”, descreve satisfeito, contabilizando que já recebeu mais de 20 mil ligações sobre o tema e muito mais do que isso de e-mails. “Já mandei informações da prática para todos os estados do Brasil, empresas de assistência técnica e também para universidades federais e particulares. Recebi ligações e e-mails de pessoas de outros países como Angola, Espanha, Portugal, França, Colômbia, Venezuela, Paraguai, Uruguai e Argentina”, relata o extensionista com orgulho.
› FONTE: Epagri