Um professor universitário propõe uma quebra de paradigmas na forma de abordagem ao usuário de drogas. Para ele, esse público deve deixar de ser visto como questão de segurança pública e passar a ser assistido como questão de saúde e assistência social. A entrevista foi concedida ao jornal O Estadão e publicada no último 23 de setembro.
Durante o diálogo, o professor do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Luís Fernando Tófoli, falou sobre a quantidade de prisões provisórias e processos de usuários para a esfera pública. As informações demonstram a forma que o país encara a questão: como segurança pública.
Tófoli, porém, defende que a descriminalização e a política de redução de danos são caminhos para modificar esse cenário. O primeiro termo diz respeito à não criminalizar o usuário de drogas, oferecendo a ele tratamento adequado. Já o segundo foca nos dependentes com situação problemática, para que possam reduzir o consumo aos poucos.
Em sua fala, o estudioso abordou alguns avanços ocorridos na Lei 11.343/2006, também conhecida como Lei de Drogas. No início, as figuras de traficante e usuário de drogas recebiam penas equivalentes. Após um conjunto de debates no Congresso Nacional, ficou entendido que deveria haver uma distinção de penas, e em 2006, o desencarceramento do usuário. Contudo, o professor nota que o termo não é sinônimo para descriminalização.
Na entrevista ao Estadão ele abordou, ainda, que seria natural que o Brasil já tivesse descriminalizado o porte de drogas para uso pessoal. Ele comentou que o processo acontece em quase toda a América do Sul e grande parte da Europa. Para Tófoli, o usuário precisa ter acesso ao sistema de tratamento, em vez de ser criminalizado.
Ele finaliza a entrevista destacando que a proibição às drogas “precisa ser colocada em tela de forma cuidadosa e honesta, observando todos os prós e contras, e ofertando respostas que sejam proporcionais aos danos reais que as drogas causam”.
De olho no problema
O Observatório do Crack, da Confederação Nacional de Municípios (CNM) acompanha de perto o tema. Ao longo dos últimos anos, o Observatório tem participado de diversas audiências públicas no Senado Federal e na Câmara dos Deputados onde se discute a descriminalização do usuário de drogas.
Para alguns especialistas, a medida oferece proteção excessiva aos dependentes químicos. Já outros acreditam que a mudança poderia descongestionar o fluxo nas prisões brasileiras, que em sua grande parte, enfrentam problemas com a superlotação.
› FONTE: Agência CNM