Não existe uma regra, mas algumas dores são mais comuns de determinadas fases da vida. Especialista explica quais são elas e como podem ser identificadas
Engana-se quem imagina que as dores aparecem apenas na terceira idade. Ao contrário. Ao logo da vida, além das dores ocasionais causadas por traumas, lesões ou enfermidades, há as dores características de cada etapa.
Claro que a dor é individual e cada caso tem suas particularidades, mas existem dores que são mais comuns em determinada fase da vida.
O especialista no tema, Dr. Charles Amaral de Oliveira, médico do Centro de Controle da Dor Singular, explica e aponta quais as dores mais comuns em diferentes ao longo da vida, e como identificá-las. Confira!
Crianças
Durante a infância, algumas dores são bastante comuns.
As dores do crescimento, por exemplo, costumam causar dores nas pernas, em crises diárias ou esporádicas. De uma forma geral, a dor se dá em ambas as pernas e a criança relata como profunda, intensa e principalmente no final do dia ou à noite.
A cefaleia infantil também é uma queixa recorrente nos consultórios pediátricos, e atinge até 5% das crianças. Como estas são determinadas por vasos e membranas que dilatam quando o cérebro é irrigado, não devem nunca ser ignoradas. Uma dor de cabeça pode ser sinal tanto de gripe e estresse, quanto estar associada a problemas mais sérios, como infecções do sistema nervoso, problemas circulatórios, doenças renais e até tumores.
Dores no corpo aliadas a fadiga, fraqueza e palidez podem ser sintomas de um distúrbio bastante grave chamado anemia falciforme, uma doença hereditária caracterizada pela malformação dos glóbulos vermelhos do sangue e que causa deficiência do transporte de oxigênio nos indivíduos. É um mal comum na infância, pois a expectativa de vida do paciente é encurtada.
Embora na infância as dores sejam difíceis de serem identificadas, os pais devem insistir. “É importante sempre perguntar à criança, com bastante paciência, onde e como dói, já que uma dor de dente pode refletir no ouvido. Essas informações dão pistas para o médico fazer um diagnóstico mais preciso”, aconselha Oliveira.
Nos adultos
Até mesmo pessoas saudáveis e que praticam exercícios regularmente podem ser acometidos por episódios de dores.
Na idade adulta, são comuns dores que atingem a coluna, comolombalgia, na região da lombar – direção da cintura – que podem ser sintoma de, entre outras, doenças virais, articulares ou inflamações e cervicobraquialgia, dor neurológica causada por uma inflamação na origem ou no trajeto do nervo, causando hérnia de disco na região cervical.
Dados da Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBCE) apontam que 13 milhões de brasileiros sofrem com dores de cabeças diárias. Oliveira diz que “muitas pessoas não se dão conta que estas são sintomas de alguma doença mais grave e acreditam que um analgésico dará conta do problema. No entanto, cefaleias constantes devem ser investigadas, pois podem ser indicativo de infecções ou doenças intracranianas”.
As mulheres ainda devem ficar atentas às dores pélvicas na idade adulta. Muitas vezes relacionadas a problemas ginecológicos, como endometriose, as dores de baixo ventre podem indicar problemas como a síndrome do cólon irritável, a cistite intersticial, problemas nas articulações lombares e até mesmo hérnias na parede abdominal.
Nos idosos
Com o passar dos anos, algumas enfermidades podem acometer os idosos e, desta forma, acarretar dores que devem ser tratadas para não evoluírem o problema.
Entre as mais comuns está a osteoartrite, doença crônica das articulações caracterizada pela degeneração da cartilagem e que, além da dor, traz ao paciente rigidez e redução da funcionalidade articular.
Bastante comum aos idosos também é a lombociatalgia, enfermidade facilmente confundida com hérnia de disco e artrose discal. Consiste em um estreitamento do canal vertebral da região lombar, caracterizado por irradiação da dor para as nádegas e face posterior da coxa, podendo alcançar até o pé.
Na maturidade, os idosos podem desenvolver diabetes e com esta, algumas dores relacionadas como a neuropatia diabética. Oliveira explica que esta é uma lesão nos nervos ocasionada pela glicemia elevada. “Aproximadamente metade dos diabéticos apresentam alguma forma de neuropatia que, em casos mais graves, pode levar à amputação”, completa.
Ainda dos idosos, os médicos costumam ouvir queixas de dores após ocorrência ligada ao vírus da herpes. A neuralgia pós herpética afeta as fibras nervosas e sua pele. A queimação associada a esta condição pode ser severa o suficiente para interferir no sono e no apetite do paciente.
Por fim, Oliveira alerta que toda dor, seja ela por curto ou longo período, acarreta em perda de qualidade de vida com repercussões físicas e psíquicas. “Desta forma, a consulta ao médico é essencial para que os pacientes retomem seu bem estar e não acumulem problemas por falta de cuidados”, aconselha e completa: “o diagnóstico da dor na fase inicial é fundamental para que ela não evolua para dor crônica”.
› FONTE: Conexus Comunicação Jornalística