Depois de 15 anos, Santa Catarina deve reverter a trajetória de queda na produção de milho. A área plantada, que diminuía em torno de 6% ao ano, será 1,6% maior na safra 2016/2017. Se o clima ajudar e a produtividade for boa, a produção pode ser cerca de 10% maior que na safra anterior. Os dados preliminares foram divulgados pela Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca e pelo Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Cepa), em entrevista coletiva, na manhã desta terça-feira (20).
A estimativa inicial de produção de milho na safra 2016/2017 é de 2,9 milhões de toneladas, contra 2,65 milhões na safra 2015/2016. Os números são resultado de um programa de incentivo à produção de milho, criado pela secretaria em conjunto com as cooperativas, no qual o agricultor recebe um kit de sementes de alta tecnologia e um kit de insumos, além da garantia de preço mínimo de venda. Conforme o secretário de Agricultura, Moacir Sopelsa, o programa ainda não deu o resultado esperado, mas houve um grande avanço. “Conseguimos aumentar a área plantada e aumentaremos a produtividade porque 70% das sementes comercializadas são de ponta”, informou. O preço mínimo da saca será de R$ 34 a R$ 36, o que dará um resultado tão rentável para o produtor quanto a saca de soja (principal concorrente do milho), avaliou Sopelsa.
Santa Catarina importa cerca de 3 milhões de toneladas de milho de outros estados por ano. Em função do transporte e do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), o custo do milho torna a cadeia de carne menos competitiva do que em outros estados que são autossuficientes na produção do grão, como Paraná e Mato Grosso. O agronegócio responde por 29% do PIB de Santa Catarina. Desses 29%, 60% vêm da produção de proteína animal. Trazer milho de outros estados representa um custo a mais para a agroindústria de 8,4% em frete e impostos, o que dá uma diferença de 5% em competitividade, em comparação com uma agroindústria localizada no Oeste do Paraná, conforme explanou o secretário adjunto de Agricultura, Airton Spies.
Durante a coletiva, Sopelsa explicou ainda que a queda na área cultivada de milho nos últimos anos se deu em função do baixo preço pago pela saca, em torno de R$ 28 no ano passado, e das perdas causadas pelas intempéries. Como a soja é uma cultura mais resistente às mudanças climáticas e com preço garantido, muitos produtores acabaram migrando de cultura. “Este ano a previsão climática é boa, esperamos um resultado ainda melhor que a estimativa preliminar”, disse.
Presidente da Comissão de Agricultura e Política Rural da Assembleia Legislativa, o deputado Natalino Lázare (PR) parabenizou o trabalho realizado pela secretaria e revelou-se animado com o relatório preliminar. “O estado fez um planejamento, com ações conjugadas com as cooperativas, e o agricultor deu uma resposta positiva para que o agronegócio continue muito sólido em Santa Catarina.”
Outras culturas
Os agricultores catarinenses também irão ampliar as áreas plantadas de soja, fumo e arroz para a próxima safra, conforme o acompanhamento realizado pelo Cepa. Entre as principais culturas, somente o feijão manteve a tendência de redução de área cultivada (-4,5% este ano), passando de 48,5 mil hectares na safra passada para 46,3 mil na safra 2016/2017. Nos últimos cinco anos, o feijão tem sofrido uma redução de 8,5% ao ano. A área perdida de feijão nesta safra provavelmente será utilizada para plantio de milho, uma vez que não existem novas áreas agricultáveis no estado. Consequentemente, se aumentar a área de plantio de milho, haverá impacto em outras culturas. A saída, na opinião de Sopelsa, é investir em tecnologia para garantir aumento de produtividade.
› FONTE: Agência AL