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Preconceito: um dos principais entraves à prevenção do suicídio

Publicado em 08/09/2016 Editoria: Saúde Comente!


A campanha Setembro Amarelo, desenvolvida neste mês em todo o país para tratar da prevenção ao suicídio, tem como principal objetivo fazer com que esse assunto seja discutido de forma aberta, sem estigmas, a fim de evitar novos casos. Para o médico psiquiatra Eduardo Pimentel, presidente da Associação Catarinense de Psiquiatria (ACP), o preconceito gerado pela falta de informação sobre o assunto é um dos principais entraves à prevenção.

Pimentel compara o suicídio com moléstias que são abertamente discutidas, como o AVC, por exemplo. Para ele, à medida que a medicina avança no combate a essas moléstias e esse conhecimento chega ao público, as taxas de mortalidade caem. No caso do suicídio, o preconceito sobre o assunto impede, muitas vezes, que esses avanços cheguem ao conhecimento de todos.

“Na década de 70, 80% das pessoas que tinham leucemia aguda morriam; hoje, essa porcentagem não passa de 20. O mesmo acontece com o AVC e tantas outras doenças. Se você tem conhecimento, se você dissemina esse conhecimento, sem preconceitos e tabus, você trata os fatores de risco e diminui a mortalidade. Infelizmente, no caso do suicídio, as taxas mantêm-se constantes, não há queda”, disse.

Pimentel ressalta que a maioria das pessoas que tiram a própria vida ou têm ideação suicida sofre de doenças mentais. E aí, soma-se outro preconceito, relacionado às doenças mentais, o que o médico chama de psicofobia. Esse preconceito pode vir tanto dos familiares e amigos quanto do próprio doente, que prefere não assumir a doença e procurar ajuda com medo de ficar estigmatizado.

“Você não lê no jornal, ou vê na TV, que um diabético matou a mãe. Mas você lê que um bipolar, uma pessoa com transtorno mental matou a mãe”, comenta. “É preciso respeitar a pessoa que tem doença mental. Não é frescura, nem um caso perdido como muita gente acha. Se uma pessoa com uma doença mental não é tratada, ela pode ficar violenta, cometer suicídio, do mesmo jeito que um diabético, se não controlar sua glicemia, pode morrer”, compara.

Pimentel ressalta que a medicina evoluiu muito no tratamento dos transtornos mentais. Daí a necessidade de levar essa informação às pessoas e orientá-las a procurar ajuda. “O cérebro é o órgão mais complexo que temos. Ele manda em tudo no nosso corpo, inclusive nas emoções. E ele pode ficar doente, como qualquer outro órgão. E como os outros órgãos, ele também tem tratamento. Com um tratamento adequado, a pessoa vai levar uma vida normal.”

Qualidade de vida

Além de ter acesso à informação e ao tratamento, Pimentel lembra que a prevenção ao suicídio também passa por algo que todos buscamos: qualidade de vida. Alimentação saudável, prática de exercícios físicos regulares e socialização, recomendadas para se combater qualquer doença, também são excelentes antídotos às doenças mentais.

“A coisa mais importante é viver bem. Quando isso ocorre, a chance de adoecer é menor. Uma boa alimentação, bom sono, praticar atividades físicas, poder estar com as pessoas que a gente gosta, encontrar os amigos, isso é o mais importante de tudo”, lembra o médico. “Mas se a pessoa não está conseguindo obter isso, tem que ver o que está acontecendo e poder se tratar para melhorar e poder ter uma vida mais saudável.”

O Setembro Amarelo

Setembro Amarelo é uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio, com o objetivo direto de alertar a população a respeito da realidade do suicídio no Brasil e no mundo e suas formas de prevenção. Ocorre no mês de setembro, desde 2014, por meio da identificação de locais públicos e particulares com a cor amarela e ampla divulgação de informações.

No decorrer desta semana, a Agência AL veiculará reportagens com especialistas, a respeito da prevenção do suicídio. O material, em texto e foto, é de livre uso editorial, desde que citada a fonte.

› FONTE: Agência AL

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