A Confederação Brasileira de Remo (CBR) desenvolve um projeto na Capital catarinense para descobrir novos talentos na modalidade adaptada e formar atletas de alto rendimento. O objetivo é renovar a seleção nacional para as Paralimpíadas de Tóquio, no Japão, em 2020.
A seletiva de atletas começou neste mês e segue até setembro. Das 18 vagas disponibilizadas, cinco já estão preenchidas. Os escolhidos passam a vivenciar uma rotina de treinamentos com orientação do técnico da seleção brasileira de remo paralímpico. “Propiciamos a esses jovens a descoberta da modalidade. Ofertamos tudo de graça. Eles passam por uma espécie de estágio probatório. Se não gostarem, saem, e buscamos outros. No início, os treinos são realizados duas vezes por semana, mas depois aumentamos a frequência”, disse o especialista em remo adaptado e responsável pela área de capacitação e formação da CBR, Fernando Carvalho Neto.
As primeiras vagas para participar do “Projeto Remo Paralímpico” foram preenchidas por usuários de cadeira de rodas, que competem na categoria TA (tronco e braços). “Agora vamos partir para os amputados, com os quais conseguimos fazer os barcos mistos. Estamos muito carentes de atletas mulheres”, comentou o membro da CBR.
Os candidatos devem, preferencialmente, ter alguma experiência esportiva. “Também buscamos, a princípio, pessoas da Grande Florianópolis, em função do deslocamento até o Clube de Regatas Aldo Luz. Estamos divulgando junto à Associação Florianopolitana de Deficientes Físicos (Aflodef) e à Fundação Catarinense de Esporte (Fesporte)”, acrescentou Carvalho Neto.
O projeto da Confederação Brasileira de Remo busca, segundo ele, formar atletas de alto rendimento e capacitar profissionais para atuação na área. A iniciativa conta com a parceria da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). Os monitores são quatro estudantes do curso de graduação em Educação Física da instituição de ensino. “Esperamos que os selecionados sejam inseridos, no futuro, nesse seleto grupo de atletas de alto rendimento. Também queremos possibilitar condições para aproveitamento nos quadros técnicos da CBR e nos clubes brasileiros.”
Segundo Carvalho Neto, Florianópolis foi escolhida pela confederação para sediar o projeto por ser considerada um celeiro do remo brasileiro. “Aqui se construiu o polo nacional do remo adaptado, um projeto pioneiro, que começamos no Riachuelo em 2002. Depois, em 2004, tivemos a felicidade de levar o primeiro atleta paralímpico ao mundial, em Barcelona, o Moacir Rauber. Na sequência, o remo foi inserido nas Olimpíadas de Pequim. Hoje é a base da seleção nacional.”
Projeto em andamento
Selecionados para participar do projeto há cerca de dois meses, os atletas Edilberto “Edinho” dos Santos, de 24 anos, e Ricardo do Prado, de 29, já sonham em representar o Brasil nas Paralimpíadas de Tóquio.
A experiência de aprendizado do remo tem sido positiva para os atletas com histórico no atletismo. Eles passam por um período de adaptação na modalidade, na categoria single skiff TA. “São dois esportes totalmente diferentes, que exigem movimentos diferenciados. A tendência é que o treinamento fique mais puxado com o tempo”, disse o velocista Edinho. “Gostei bastante, me adaptei bem ao barco. Agora vou fazer natação para ganhar resistência e manter os treinos na academia, no atletismo e no remo”, complementou Ricardo, atleta de arremesso de peso e lançamento de disco e de dardo.
Os dois se espelham no exemplo da florianopolitana Josiane Lima, de 41 anos, primeira brasileira medalhista olímpica do remo. A atleta do Clube de Regatas Aldo Luz conquistou o bronze nas Paralimpíadas de Pequim, em 2008, e agora se prepara para competir nos Jogos do Rio de Janeiro. “É uma referência. Chegar onde ela está é o objetivo de todo paratleta”, destacou Edinho.
De acordo com Carvalho Neto, Josiane é esperança de pódio no Rio no double skiff TA misto (TA Mix2x), ao lado de Michel Pessanha. “Ela tem condições, pelos treinamentos, de buscar uma medalha neste ano de novo”, avaliou.
O remo paralímpico brasileiro terá outros dois representantes: Renê Pereira, no single skiff AS masculino (ASM1x), e Cláudia Santos, no single skiff AS feminino (W1x). “Temos mais de 30 equipes fortes no remo adaptado. A modalidade cresceu muito, principalmente na Europa, e hoje está mais concorrida. Os nossos principais adversários são da Inglaterra, do Canadá e da Alemanha”, analisou o membro da CBR.
Paralimpíadas
Os Jogos Paralímpicos Rio-2016 contarão com a maior delegação brasileira da história. De acordo com o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), serão 279 atletas, sendo 181 homens e 98 mulheres, além de 23 acompanhantes (atletas-guia, calheiros e goleiros) e 195 profissionais técnicos, administrativos e de saúde.
O evento ocorre de 7 a 18 de setembro, com a presença de 4.350 atletas de 178 países, competindo em 22 modalidades. Santa Catarina terá 13 representantes, mais um atleta-guia nos Jogos, em oito modalidades.
Atletismo
Flavio Reitz |
Itajaí |
Lucas Prado |
Joinville |
Sheila Finder |
Joinville |
Laercio Alves (guia) |
Joinville |
Basquete em cadeira de rodas
Paulo Roberto Barcelos Dauinheimer |
Balneário Camboriú |
Ciclismo
Soelito Gohr |
Brusque |
Natação
Matheus Rheine Correa de Souza |
Brusque |
Talisson Henrique Glock |
Joinville |
Remo
Josiane Dias de Lima |
Florianópolis |
Rugby em cadeira de rodas
José Raul Schoeller Guenther |
Palhoça |
Rafael Hoffmann |
São José |
Tênis em cadeira de rodas
Ymanitu Geon da Silva |
Florianópolis |
Tênis de mesa
Bruna Costa Alexandre |
Criciúma |
Danielle Rauen |
São Bento do Sul |
› FONTE: Agência AL