Quase 80 unidades educativas já têm ou estão implantando o cultivo; boa parte reaproveita resíduos orgânicos
Quase 80 unidades educativas de educação infantil e ensino fundamental da rede municipal de ensino de Florianópolis já têm hortas ou estão em processo de implantação, e boa parte delas faz reaproveitamento de resíduos orgânicos. Pelo menos 70% das unidades educacionais mantêm-se ativas no Programa Educando com a Horta Escolar e a Gastronomia, apontou a nutricionista Sanlina Barreto Hülse, coordenadora do PEHEG.
O levantamento foi apresentado em encontro com 90 participantes, entre professores e nutricionistas, responsáveis pelas hortas em reunião no Centro de Educação Continuada, na tarde desta quarta-feira (24), quando a Comcap apresentou o modelo de horta sintrópica do programa municipal de agricultura urbana.
A gerente de Programas da Secretaria Municipal de Educação, Sueli Amália de Andrade, destacou a importância da “ajuda surpreendente” da Comcap na implantação da horta em novas unidades educativas e de revitalização das que já existem, como já vem fazendo nos Centros de Saúde. O programa de hortas escolares existe desde 2001, explicou Sanlina, e entre 2011 a 2014 contou com assessoria técnica da Cepagro.
A colaboração da Comcap até então se dava de maneira isolada, com fornecimento de composto orgânico. Agora, será elaborada uma agenda de trabalho entre a Gepros e a Comcap e, quando necessário, fornecido cepilho, material resultante da trituração das podas urbanas.
Horta sintrópica
O assessor técnico da Comcap Zenilto Custódio da Silva apresentou o modelo de agricultura sintrópica para hortas urbanas, como forma de aproveitar ao máximo os recursos naturais como solo, água e sol, por meio do consórcio de plantas. “A diversidade das plantas, com tempos e alturas diferentes, consorciando hortaliças e árvores frutíferas ou de sombra, permite economizar espaço e insumos”, orientou. A técnica difundida por Ernest Götsch, mencionou ele, serve para recuperar e manter o solo e produzir alimentos saudáveis.
O propósito da Comcap, conforme estabelecido pelo presidente Marius Bagnati, contou Zenilto, é ajudar para que o processo de separação e reaproveitamento de resíduos orgânicos avance nas escolas e, dali, para as residências. “Hoje os resíduos orgânicos representam 39% do total encaminhado ao aterro sanitário; podemos resolver metade do problema do lixo com o destino apropriado”, recomendou.
As hortas escolares, destacou Sueli, além de aprendizado sobre relações sociais e culturais podem contribuir muito para o conhecimento nas relações com a natureza. “Uma horta escolar serve não só ao aprendizado na parte nutricional, mas também ambiental”, reforçou Sanlina.
De acordo com levantamento realizado em 2015 nas unidades educativas Departamento de Alimentação Escolar, 36 unidades de educação infantil estavam com as hortas em operação, assim como 20 de ensino fundamental e outras seis em movimento de implantação.
Diversidade da horta
O professor da Ufsc Antônio Carlos Machado da Rosa, veterinário com formação em francês, com livros publicados sobre hortas escolares, disse que ainda hoje há muita ingenuidade sobre a procedência dos vegetais, sobre a forma adequada de consumi-los. Na sua avaliação, as escolas devem trabalhar a diversidade e a complexidade do aprendizado nas hortas para construir e não só conduzir os alunos ao conhecimento.
Júlio Maestri, que acompanhou o encontro pelo Cepagro, revelou que em outubro o modelo de trabalho com as hortas da rede municipal de ensino de Florianópolis será apresentado em evento no México. Sanlina afirmou que “esse convite demonstra o êxito do trabalho de 15 anos na Capital”.
› FONTE: Secretaria Municipal de Comunicação/PMF