Apesar dos ataques diários desferidos ao processo de impeachment, a presidente afastada Dilma Rousseff abriu mão de se defender pessoalmente na comissão processante do Senado. Ao invés de encarar os questionamentos dos parlamentares, a petista apenas enviou uma carta lida por seu advogado. ”Desta vez a coração valente não apareceu”, reprovou o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), ao se referir ao mote usado pela petista na campanha eleitoral para exaltar uma coragem que não foi vista nesta quarta-feira (6).
“É inacreditável que numa hora tão importante para o país a presidente afastada, que diz ter sido injuriada e injustiçada, não aparece para se defender e manda uma carta? Isso lembra o velho ditado: quem cala consente e quem tem medo não aparece”, completou Imbassahy. No documento, a petista repete os mesmos argumentos já usados anteriormente e alega ser vítima de uma suposta “farsa jurídica e política”.
Para o líder do PSDB, Dilma no fundo sabe que cometeu crime de responsabilidade. “Por isso o afastamento momentâneo vai se transformar em definitivo, ou seja, haverá o impeachment de uma presidente que desonrou o seu cargo e violou a Constituição”, disse Imbassahy. O julgamento será concluído em agosto pelos senadores.
Para o 1º vice-líder tucano na Câmara, Daniel Coelho (PE), o que se vê é a repetição de uma retórica pela defesa da petista. O tucano também reprovou a recusa dela de ir ao Congresso. “Ela teve a chance de ir à comissão do Senado que analisará o mérito do impeachment, mas se negou a fazer o debate. O que eles querem é falar sozinhos, ainda no conceito de quando presidiam o Brasil, de que poderiam manipular as informações”, reprovou.
Ainda de acordo com Daniel Coelho, ao “correr” dos senadores Dilma mostrou que efetivamente não tem argumentação a seu favor, que tem medo do contraditório e também deixou claro mais uma vez o viés pouco democrático dela e do PT.
Com a leitura da carta, foi encerrado o período de instrução do processo de impeachment da presidente. A partir de amanhã, correm os prazos para as alegações finais. O relator do processo é o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG).
Fundamentam o processo de impeachment a edição de decretos de crédito suplementar sem a devida autorização do Congresso Nacional e as chamadas “pedaladas fiscais”, ou seja, o atraso de pagamentos da União para bancos públicos nos subsídios concedidos a produtores rurais por meio do Plano Safra.
A comissão voltará a se reunir no dia 2 de agosto, a partir de meio-dia, quando será apresentado e lido o relatório final que será produzido pelo senador Anastasia.
› FONTE: Marcos Côrtes/PSDB