A campanha "Cão-Guia: quanto vale o seu olhar?" – conduzida pelo Instituto IRIS via plataforma de crowdfunding Kickante – tem por objetivo arrecadar R$ 140 mil para custear a reposição de cães-guia
"Antes eu era vista como uma ceguinha, agora eu sou vista como uma cidadã.
Há nove anos, eu não sei o que é cair na rua", conta Liana Maria Conrado sobre a experiência de ser guiada pelo labrador Sirius. A cantora lírica integra um grupo de deficientes visuais que precisam aposentar os amigos caninos em curto prazo.
O casal Genival e Kátia Santos – donos de Leila e Sam, respectivamente – também aguardam a aposentadoria dos labradores que permitem uma rotina de independência. "É uma questão de prioridade máxima, porque é muito difícil para uma pessoa que perde o cão-guia, por aposentadoria ou outro motivo, voltar à condição anterior após estar plenamente adaptada. É pior do que perder a visão", afirma a cientista de dados Kátia.
Mas, quanto vale o olhar de um cão-guia? Para um deficiente visual – que ganha mobilidade, inclusão social, qualidade de vida e companhia permanente – o valor é simplesmente incalculável. No entanto, o custo envolvido no treinamento, cerca de R$ 35 mil, é alto para uma organização sem fins lucrativos. Neste cenário, a ONG IRIS lançou uma campanha para arrecadar fundos via crowdfunding, pela plataforma Kickante. "Cão-Guia: quanto vale o seu olhar?" tem duas metas: a primeira é arrecadar R$ 140 mil na vaquinha virtual para repor quatro cães para deficientes que precisam "aposentar" os guias atuais (após oito a nove anos de serviços prestados); a segunda, depois de superar a meta inicial, é tornar o Instituto autossustentável.
De acordo com Thays Martinez, presidente do IRIS, a proposta é aposentar os cães – em médio prazo, 10 cães-guia precisam ser repostos – e entregar novos para deficientes inscritos em uma lista que reúne 3 mil pessoas. O IRIS tem planos de intensificar o treinamento no Brasil; nos últimos dois anos, a organização já treinou no país 10 cães-guia. Com doações a partir de R$ 10, a organização espera mobilizar brasileiros dos quatro cantos do país. Para doar: http://www.kickante.com.br/campanhas/cao-guia-quanto-vale-o-seu-olhar.
Para se ter uma ideia da gravidade do problema, o Brasil possui 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual – 582 mil cegos e seis milhões com baixa visão, de acordo com o Censo 2010 conduzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O IRIS, entidade sem fins lucrativos criada para promover a inclusão social prioritariamente das pessoas com deficiência visual por meio do cão-guia, estima que existam apenas 100 cães-guia no país. A organização brasileira atua em parceria com a Leader Dogs for the Blind, ONG instalada em Rochester (Michigan, Estados Unidos).
Segundo Thays, a parceria permite a doação de cães-guia aos brasileiros, que precisam viajar para os Estados Unidos para um período de treinamento conjunto. "São 26 dias de capacitação dos condutores com os novos cães-guia, um treinamento que tem o objetivo de adaptar ambos a uma nova rotina. Nesse período, um instrutor brasileiro ministra aulas, em português, que incluem conhecimentos sobre cuidados diários com os cães, trajetos (em cidades e zona rural) e condução. Todo o treinamento é feito nas dependências da Leader Dogs for the Blind", detalha.
IRIS
O Instituto de Responsabilidade e Inclusão Social (IRIS), entidade sem fins lucrativos, foi fundado em 2002, em São Paulo (SP), com a missão de desenvolver atividades que acelerem o processo de inclusão social das pessoas com deficiência visual. A prioridade institucional é a difusão do cão-guia como grande facilitador do processo de inclusão.
O Instituto é um dos poucos no Brasil com um instrutor reconhecido pela International Guide Dog Federation (Inglaterra), especialmente qualificado pela Royal New Zealand Foundation for the Blind – Guide Dog Services (Nova Zelândia) entre 1996 e 1999. www.iris.org.br
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› FONTE: Printec Comunicação