Deputados do PSDB afirmaram nesta segunda-feira (30) que a presidente afastada Dilma Rousseff demonstrou arrogância e prepotência ao entrar em contradição e mentir durante entrevista à “Folha de S.Paulo” sobre a crise, os erros cometidos no governo e as relações com o empreiteiro mosaico Marcelo Odebrecht
Na avaliação dos tucanos, a petista deu mais uma demonstração de falta de senso de realidade. Para eles, essa é uma das razões pelas quais os brasileiros não admitem que Dilma retorne ao comando do país.
Crise de amnésia
“Ah, sei lá. Como é que eu vou falar da situação depois?”. Essa foi a resposta de Dilma ao questionamento da jornalista Mônica Bergamo a respeito de erros cometidos por ela após a reeleição, conquistada com base no maior estelionato eleitoral da história do país. Descaradamente, a presidente afastada alega que ninguém poderia ter previsto a crise, apesar dos reiterados alertas feitos na campanha de que seriam necessários ajustes na economia.
“Não lembrar que em 2014 o país já vivia o prenúncio e até os efeitos de uma crise é inaceitável. Ela parece ter uma crise de amnésia”, apontou o deputado Bruno Covas (SP). “Daqui a pouco não vai lembrar que foi eleita para presidir o Brasil. Isso só mostra total despreparo e desrespeito com os eleitores dela e com toda a população. Esperava-se dela um pouco mais de humildade e um pedido de desculpas por todos os erros cometidos na condução do país”, completou.
Apesar de Dilma alegar que nem mesmo a oposição falava de crise durante a campanha eleitoral, em entrevista divulgada no dia 13 de junho de 2014 pela GloboNews, o senador Aécio Neves (MG), então pré-candidato à Presidência, defendia uma política econômica mais austera. Na ocasião, o presidente do PSDB disse prever um ano difícil para a economia brasileira em 2015 e defendeu uma política fiscal mais transparente e que levasse a inflação para o centro da meta (4,5% ao ano) em dois ou três anos. Naquela época, parlamentares de oposição alertavam reiteradamente para a crise já em curso.
Covas afirma que Dilma mentiu durante a entrevista, assim como fez na campanha eleitoral. Para ele, não saber dizer quais erros cometeu só revela uma mistura de prepotência “e até uma certa dose de cinismo”. “É difícil ver acertos no período que ela presidiu o país. É por isso que a população deseja que se vire definitivamente essa página e que passemos a limpo a história do país”, afirmou.
Realidade camuflada
O deputado Miguel Haddad (SP) também afirmou que Dilma mentiu na campanha e volta a mentir agora. “A grande verdade é que ela omitiu uma série de fatos durante a sua campanha, escondeu os números, mudou outros e agora vem dizer que desconhecia a crise e que não recebeu nenhum alerta. Durante a campanha isso foi amplamente falado, principalmente pelo senador Aécio”, destacou.
Durante a entrevista, Dilma criticou o presidente interino, Michel Temer, e medidas anunciadas na área econômica. Ela voltou a defender mais impostos e se esquivou de responder sobre seus erros. Para Haddad, Dilma cria uma narrativa para tentar se justificar e esconder os equívocos cometidos por ela.
“E ela ainda faz críticas ao atual governo com autoridade, como se tivesse legitimidade para falar. São inúmeras as contradições da presidente, inclusive quando ela nega que esteve com o empresário Marcelo Odebrecht”, ressalta Haddad.
Ao ser questionada sobre encontros que manteve com o empreiteiro preso em Curitiba desde 19 de junho de 2015, Dilma disse que nunca o recebeu no Palácio da Alvorada e não se lembrava de encontros no Planalto. De acordo com os arquivos eletrônicos do Planalto consultados pelo Blog do Josias, Dilma recepcionou o presidente da maior construtora do país pelo menos quatro vezes desde que virou presidente, duas delas no Alvorada – ambas em 2014, ano da campanha à reeleição. Há suspeitas de que recursos desviados da Petrobras em contatos com empreiteiras tenham bancado parte da campanha da petista.
“Dilma omite os fatos, distorce, falta com a verdade, mente. Tudo isso faz com que tenhamos certeza de que ela não reúne condições para governar o país. Essa é mais uma falta grave dela, que tenta dar uma versão diferente aos fatos principalmente tentando se afastar da operação Lava Jato, que a cada dia está mais próxima dela e do ex-presidente Lula”, aponta Haddad.
Sem condições
Para o secretário-geral do PSDB, deputado Silvio Torres (SP), a entrevista concedida por Dilma à Folha comprova, para quem ainda tinha dúvidas sobre a necessidade do afastamento, que ela terceiriza suas responsabilidades e já perdeu todas as condições de governar o Brasil.
“É uma entrevista em que não se percebe nenhuma responsabilidade assumida. O que mais se falou, o que mais o candidato Aécio Neves fez, foi mostrar para o Brasil e para ela, chamando a responsabilidade, que o Brasil caminhava para uma situação econômica das piores. Não só as contas do governo, como também a própria economia, que sofreria as consequências”, rebateu Torres.
A verdade é que, desde 2013, o PSDB alertava, sistematicamente, para os erros cometidos na política econômica e as consequências disso para os brasileiros. Em junho de 2013, em entrevista à revista “Época”, Aécio afirmou que cenário já era de extrema preocupação.
› FONTE: Djan Moreno/PSDB