A decisão do Senado, pelo afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT), dominou os pronunciamentos realizados no plenário da Assembleia Legislativa na manhã de ontem(12). Além das impressões manifestadas sobre o processo, os deputados também anunciaram suas expectativas com relação ao governo Michel Temer.
Antonio Aguiar (PMDB) afirmou confiar na capacidade administrativa e de articulação política de Temer, características que, a seu ver, serão fundamentais para que o futuro governo possa restabelecer a economia do país. “Ele tem o dom de buscar o entendimento político pelo diálogo, é político experimentado e nós, do PMDB, confiamos em sua competência em reconstruir o Brasil. Claro que terá que mostrar uma grande capacidade de gestão, tendo em vista que o rombo é grande e será difícil recolocar a casa em ordem.”
Já para Dirceu Dresch (PT), com a ascensão de Temer à presidência, o Brasil entra em um período “cinza, nebuloso e completo de incertezas”. O parlamentar criticou, sobretudo, o documento “Uma Ponte para o Futuro”, - que contém as metas do presidente interino para a sua gestão – qualificando-o como um retorno do país às políticas conservadoras. “O programa, que deveria se chamar uma pinguela para o passado e de que a mídia pouco fala, será a consolidação disso, pois prega coisas como o Estado mínimo e a flexibilização das leis trabalhistas, como se estas fossem as razões dos problemas do Brasil.”
Ana Paula Lima (PT) ressaltou que desde o primeiro dia em que assumiu a função de vice-presidente, Temer tramou para derrubar Dilma, fato que agora tira sua legitimidade política e o desqualifica perante a sociedade brasileira. Ela declarou ainda que espera que o Judiciário casse seu mandato presidencial nos próximos meses. “A história do nosso país vai ter sempre uma nódoa, uma mancha. Os golpistas vão chegar ao poder sem voto, pois traíram uma mulher. Se a presidente precisa ser afastada, o vice também o merece e quando o judiciário fizer isso, terá minhas palmas.”
O embate entre os partidos de Temer e Dilma na tribuna do Parlamento catarinense ganhou mais uma etapa com o pronunciamento de Manoel Mota (PMDB). “Associar Temer a um golpe é subverter os fatos. Não foi ele que implantou esse sistema de corrupção no país, que arrasou órgãos públicos e empresas como a Petrobrás”, disse.
Outros deputados, entretanto, adotaram uma postura mais conciliatória. “O dia não é não é para comemorações. Nenhum de nós queria que isto [o afastamento de Dilma] estivesse acontecendo e não devemos encarar o fato como uma questão partidária. Precisamos, sim, é pensar no país”, afirmou Deka May (PP), para quem a principal tarefa do novo presidente será devolver a esperança à população.
Neodi Saretta (PT) ressaltou a importância da união de esforços para que o país siga com sua tradição democrática e possa vencer os desafios que se impõem. “Que o país possa superar esse momento e continuar sendo soberano e democrático, com respeito aos devidos processos legais e à vontade da maioria que votou soberanamente das eleições. Desta forma, e com o esforço dos brasileiros, poderemos criar as condições para vencer os problemas na economia.”
Para Doutor Vicente Caropreso (PSDB), a crise econômica não é responsabilidade de uma única pessoa, mas consequência da atuação coletiva da atual classe política. Em seu discurso, o deputado também enfatizou a necessidade da união de todos para que medidas controversas, como o redimensionamento do Estado, possam ser implementadas. “Agora o país se coloca diante de uma necessidade absoluta de tomada de decisões, e cortar na carne é necessário e imperioso para o país. Se não houver entendimento entre os três poderes, não poderemos levar à frente reformas necessárias para o país.”
› FONTE: Alexandre Back/AGÊNCIA AL