Evento será realizado entre 9 e 14 de outubro
Inscrições já estão abertas.
Cerca de 800 profissionais e pesquisadores de 40 a 50 países devem participar da 17ª Conferência Internacional sobre Algas Nocivas (International Conference on Harmful Algae – ICHA), que será realizada no Centro de Convenções de Florianópolis (Centrosul) entre 9 e 14 de outubro de 2016. O evento é uma promoção da Sociedade Internacional para o Estudo das Algas Nocivas (International Society for the Study of Harmful Algae – ISSHA) e está sendo organizado pelo Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) e pela Associação Latino-americana para o Estudo das Algas Nocivas (Alean), com apoio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e da Comissão Intergovernamental de Oceanografia.
O tema central do evento é "Algas nocivas, das células aos pescados: espécies, toxinas, ecologia, controle e novas tecnologias". As inscrições já estão abertas e a chamada de apresentação de trabalhos vai até 3 de junho de 2016 (mais informações abaixo).
A conferência multidisciplinar é realizada a cada dois anos e reúne profissionais e estudantes de diversas áreas relacionadas ao estudo e controle das algas nocivas. As atividades envolvem palestras, mesas redondas, workshops, apresentações de trabalhos científicos, confraternizações e atividades culturais.
Além da socialização e informações de caráter técnico-científico, o evento visa propor iniciativas e ações relacionadas a políticas públicas em prol da sustentabilidade, em especial quanto ao impacto das algas nocivas nas questões ambientais e de saúde pública.
Relevância
O estudo e controle das algas nocivas é relevante para as áreas litorâneas em função de sua associação com a contaminação dos frutos do mar, principalmente os moluscos bivalves (ostras, mexilhões e vieiras, entre outras espécies comerciais) com toxinas provenientes da proliferação dessas espécies de algas (ficotoxinas), fenômeno popularmente conhecido como maré vermelha. Nessas situações, os moluscos filtram as algas e acumulam toxinas que podem provocar intoxicações nos consumidores, causando danos tanto à saúde pública quanto à economia.
As edições anteriores, realizadas na Nova Zelândia e na Coréia do Sul, reuniram entre 600 e 800 participantes. Esta será a primeira vez que uma cidade da América Latina vai sediar o evento, um dos mais importantes na troca de informações científicas sobre algas nocivas no mundo. É especialmente relevante que o estado anfitrião do evento seja Santa Catarina, maior produtor de moluscos do Brasil, responsável por mais de 90% da produção nacional, e o segundo maior da América Latina. Em 2014, o setor produziu 21,6 mil toneladas de mexilhões, ostras e vieiras, envolvendo 610 maricultores e gerando 3.388 empregos, segundo dados do governo do Estado.
Inscrições
O evento tem diferentes modalidades e prazos para inscrições, com valores diferentes para pesquisadores membros e não membros da ISSHA, estudantes membros e não membros da entidade e inscrições por dia. O prazo para inscrições regulares vai até 31 de agosto, por valores entre R$ 500 e R$ 1,5 mil. A partir de 1° de setembro os valores passam para entre R$ 700,00 e R$ 2 mil. Saiba mais no site do evento: http://icha2016.com/registration/.
É possível associar-se à ISSHA antes de fazer a inscrição na conferência para garantir preços mais baixos para membros: http://www.issha.org/membership/register. Isso também pode ser feito por quem não é estudante.
A chamada de trabalhos também está aberta até 3 de junho de 2016. O comitê organizador aceita a submissão de resumos nos seguintes temas: biogeografia de floração de algas nocivas em águas doces e marinhas; previsão de HAB; cianobactéria, Ciguatera e Benthic HABs; biologia de HA; ecologia de HA; toxinas das algas; toxicologia; taxonomia, sistemática e genômica; tecnologias de HAB; bem estar e comunidades costeiras; monitoramento e controle; HABs em um mundo em mudanças.
Conheça os principais palestrantes do evento:
Mark Wells
Mark Wells é biogeoquímico e oceanógrafo na Faculdade de Ciências Marinhas da Universidade do Maine. Seus interesses de pesquisa se concentram em como oligonutrientes contribuem na regulação da produção de fitoplâncton, a composição de fitoplâncton e a estrutura do ecossistema pelágico. Seus trabalhos anteriores investigaram a função de metais traço no controle de Alexandrium no Golfo do Maine. Desde então, vem testando novos métodos de estudo dos efeitos de vestígios de metais no crescimento e toxicidade de espécies nocivas em sistemas naturais. Wells ajudou a estabelecer as conexões entre disponibilidade de ferro e cobre na produção de ácido domoic em Pseudo-nitzschia spp. em estudos laboratoriais e de campo. Mais recentemente, seu trabalho contribuiu para a descoberta de como o uso da fertilização com ferro influencia no aumento da captura de gás carbônico a leste do Oceano Pacífico sub-ártico e pode aumentar o ácido domoic e toxicidade nessas águas, uma região crítica para o desenvolvimento sustentável da pesca. Organizou e co-organizou uma oficina e um simpósio científico para avaliar criticamente e antecipadamente os efeitos que as mudanças climáticas poderão ter na distribuição, frequência e severidade da floração de algas nocivas.
Lora Fleming
A professora Lora Fleming (MD PhD MPH Msc) é epidemiologista certificada com mais de 30 anos de experiência em exposição ambiental e ocupacional. Lora é diretora do European Centre of Environment and Human Healthland Chair of Oceans, Epidemiology and Human Health na Faculdade de Mecidina da Universidade de Exeter, Cornwall, Reino Unido. Participa de trabalhos colaborativos com vários centros e pesquisadores em temas que envolvem os oceanos e a saúde humana. Em 2013, recebeu o prêmio Edouard Delcroix e em 2015 a medalha Bruun da Comissão Oceanográfica Internacional, ambos como reconhecimento por sua pesquisa e outras atividades na área de Oceanos e Saúde Humana.
Ichiro Imai
Doutor em Ciências Agrícolas pela Universidade de Kyoto, Ichiro Imai é professor na Universidade de Hokkaido desde 2009, atuando em planctologia, ciclo de vida do fitoplâncton, fisiologia e ecologia de floração de algas nocivas e estratégia de mitigação de HABs. Imai também foi professor associado da Universidade de Kyoto (1994-2009), como pesquisador (1980-1990) e diretor (1990-1994) do setor biologia de algas nocivas no Nansei National Fisheries Research Institute. Seus principais estudos abrangem estratégias de ciclo de vida da raphidofita Chattonella - que causa grande mortandade de peixes em mares temperados, fisiologia de cistos e a dinâmica da população de algas nocivas. Também pesquisa o controle biológico de HABs utilizando modelos ecológicos de interação com diatomáceas. Ainda, foca sua atuação na prevenção de ocorrências de HABs usando bactérias epífitas com propriedades algicidas.
Marli de Fátima Fiore
Marli de Fátima Fiore é professora e pesquisadora do Centro para Energia Nuclear em Agricultura da Universidade de São Paulo (USP). Suas pesquisas estão focadas em sistemas de cianobactérias, genomas cianobacterianos, ecologia molecular de cianobactérias, genética de cianotoxinas e produtos naturais bioativos de cianobactérias. Marli descreveu vários novos gêneros de cianobactérias tropicais (Brasilonema, Halotia, Pantanalinema, Alkalinema, Phyllonema, Foliisarcina, entre outros) utilisando abordagem polifásica e identificando cianobactérias tóxicas em ambientes de água marinha e água doce no Brasil por meio de técnicas moleculares e químicas. Atualmente, está envolvida na sequenciação de genoma de cianobactérias brasileiras com o objetivo de obter informações sobre clusters de genes envolvidos na produção de cianotoxinas e outros compostos bioativos. Marli mantém uma coleção de culturas de cianobactérias que serve como fonte de estudo de compostos bioativos, biossíntese, filogenia, fisiologia e ecologia.
Philipp Hess
Philipp Hess é cientista sênior no Laboratório de Ficotoxinas do Ifremer Atlantic Centre Nantes. Entre seus principais interessses estão química, análise e isolamento de biotoxinas marinhas. Ele também atua na avaliação de riscos, aspectos relativos a saúde dos oceanos, epidemiologia e temas correlatos. Além disso, dirige a rede de pesquisa francesa "Phycotox".
Marina Montresor
Marina Motresor é graduada pela Universidade de Padua (Itália) e transferiu-se para a Stazione Zoologica Anton Dohrn em Naples, Itália (1989), onde atualmente é cientista sênior no departamento de Ecologia Integrativa Marinha. Foi organizadora de diversas edições do Curso Avançado de Taxonomia e Sistemática do fitoplâncton. Participou do conselho editorial de várias publicações científicas (Phycologia, Journal of Phycology, Protists, Estuaries and Coasts and Harmful Algae). Também é membro do Conselho da Sociedade Internacional para o Estudo de Algas Nocivas e do painel GEOHAB- "HABs em fiordes e baías costeiras". É membro permanente do Comitê Científico do Global HAB. Sua pesquisa está focada na diversidade e ecologia do fitoplâncton marinho, especialmente no ciclo de vida de algas unicelulares.
Nestor Lagos W.
Nestor Lagos, bioquímico pela Universidade de Concepción (Chile), doutor em Biologia pela Universidade do Chile, atualmente é professor principal na Escola de Medicina e diretor de laboratório de Bioquímica de Membrana do Departamento de Fisiologia e Biofísica da Universidade do Chile, em Santiago (Chile). Recebeu bolsa de pós-doutorado na American Heart Association – Greater Los Angeles Affiliate (1987 – 1998) e bolsa de pós-doutorado pela Grass Foundation, Friday Harbor Laboratories, da Universidade de Washington, Friday Harbor, WA (Summer, 1988). Foi orador convidado sobre "Produtos Bioativos Naturais e seus modos de atuação" na 9ª Naito Conferência em Shonan Village Center, Kanagawa, Japão (outubro de 1997). Também é membro do Comitê Diretivo Científico (SSC) para a Ecologia Global e Oceanografia do Programa de Floração de Algas Nocivas (GEOHAB), e autor do livro "Aplicação Clínica de Toxinas Paralisantes dos Moluscos". Em: Toxinas e Compostos Bioativos de Microalgas (2014).
Raphael Kudela
Doutor Kudela realizou pesquisa em ecologia aquática por mais de duas décadas. Seu trabalho concentra-se em fatores e processos ligando a produtividade do fitoplâncton para níveis tróficos superiores, incluindo ecologia, mitigação e previsão de florações de algas nocivas, mudanças na produtividade global da pesca e uso humano de sistemas aquáticos. Kudela foi presidente do Programa Ecologia Global e Oceanografia de Florações de Algas Nocivas (IOC/SCOR), é co-presidente do Comitê Nacional Americano de Floração de Algas Nocivas, e é membro do US National Schience Foundation Ocean Observing Systems Review Committee e US National Science Foundation UNOLS Scientific Committee for Oceanographic Aircraft Research (SCOAR). No âmbito de observação de oceanos, atuou como presidente do Comitê Executivo para Sistema de Observação dos Oceanos Central e do Norte da Califórnia (CeNCOOS) e é o presidente do Programa de Monitoramento e Alerta da Califórnia para Floração de Algas Nocivas (Cal-HABMAP). Na Universidade da Califórnia Santa Cruz atualmente detém a Ida Benson Lynn Chair in Ocean Health e é diretor do Instituto de Pesquisa Califórnia Ciência, Tecnologia e Aeronáutica (Cal-STAR).
Satoshi Nagai
Satoshi Nagai concluiu sua tese de doutorado aos 29 anos de idade na Universidade de Kyoto e começou a trabalhar como pesquisador permanente na Agência de Pesquisa Pesqueira do Japão. Ele é líder do grupo de pesquisa do metagenoma no centro de pesquisa para genomas aquáticos. Estudou detecção molecular, genética de populações e metagenomas de espécies eucarióticas marinhas, especialmente espécies HAB. Já publicou mais de 110 artigos em revistas de renome.
› FONTE: IFSC