Experimentos na área de neurociência indicam que existem cérebros de pessoas com visões políticas contrárias são diferentes. Foto: Flickr
Há quem prefira perder o amigo do que perder a alfinetada em mês de eleição. Mas, antes de deletar aquele tio extremista no Facebook, fique sabendo que a posição política dele pode estar relacionada ao tamanho de uma região específica do cérebro.
Em 2011, cientistas britânicos da University College London publicaram um estudo afirmando que as visões políticas estão relacionadas ao tamanho de partes específicas do cérebro. Basicamente, pessoas mais conservadoras têm uma amígdala cerebral maior e pessoas mais liberais têm massa cinzenta em maior quantidade no córtex cingulado anterior. A amígdala é responsável pela identificação do perigo, enquanto o córtex cingulado anterior reconhece as situações onde o autocontrole é necessário.
A Universidade Estadual do Arizona também fez uma pesquisa nessa área, perguntando a democratas e republicanos se o desemprego aumentou nos Estados Unidos entre 2008 e 2010 (ano em que a pesquisa foi realizada). A resposta dos dois grupos foi mais ou menos a mesma, dizendo que o taxa de desemprego não variou muito. Mas, quando a pergunta era formulada de forma diferente, questionando se o desemprego aumentou depois que Barack Obama chegou ao poder, as respostas foram completamente diferentes. Obviamente, a maioria dos democratas disse que o desemprego não aumentou, enquanto 75% dos republicanos falaram que o desemprego piorou. Soa familiar?
Agora, o laboratório de percepção e avaliação social da Universidade de Nova York está tentando comprovar que nossos cérebros são programados para o partidarismo e entender como ficamos cegos com a mentalidade “nós x eles”. O que se sabe é que, uma vez que essa mentalidade entra em cena, o cérebro automaticamente filtra fatos, inclusive os menos controversos e nós reconhecemos menos a humanidade do outro.
Como experimento, os cientistas dizem a um voluntário que ele faz parte do grupo azul ou vermelho, colocam-no dentro de um aparelho de ressonância magnética e pedem para ele identificar de que grupo são as imagens que são mostradas. São imagens de rostos humanos, alguns reais, outros máscaras e misturas 90% humano e 10% plástico ou 50/50. Membros do grupo vermelho tendem a identificar rostos humanos com seu grupo e vice-versa. Eles também se lembram melhor dos rostos que identificaram como parte de seu grupo. A conclusão é que tendemos a desumanizar o grupo que identificamos como “outros”. A formação de grupos diz respeito à evolução humana, pois era a melhor forma de sobreviver na pré-história. Mas, em uma democracia, essa mentalidade pode ser prejudicial, ainda mais quando ultrapassa o limite da razão. Grandes massacres como o holocausto e o genocídio de Ruanda utilizaram a desumanização como arma de destruição em massa.
“É problemático quando as pessoas aceitam tacitamente informações que confirmam suas crenças e contra-argumentam agressivamente informações que discordam. No extremo, a polarização pode dar espaço ao caos”, disse a GALILEU Natalie Stroud, professora da Universidade do Texas e diretora de um grupo de pesquisa que tenta fazer da Internet um lugar mais civilizado para o debate. Stroud desenvolveu uma alternativa para a baixaria nos comentários do Facebook: trocar o botão “curtir” por “respeitar”. “Nos nossos experimentos, vimos que as pessoas tinham tendência a clicar no botão ‘respeitar’ para visões políticas de que elas discordavam, para respeitá-las, não curti-las”, afirmou.
› FONTE: Galileu / Via National Journal