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Aécio: ‘A senhora mente’; Dilma: ‘Não dirijo bêbada’

Publicado em 17/10/2014 Editoria: Eleições Comente!


foto: Faltam dois: debates registram muito ataque e pouca proposta - SBT/Divulgação

foto: Faltam dois: debates registram muito ataque e pouca proposta - SBT/Divulgação

Presidenta, que passou mal depois de debate no SBT, repetiu arsenal de acusações do encontro anterior, mas avançou sobre vida privada do tucano ao citar Lei Seca. Irritado, senador mineiro a acusou de insistir em “mentiras”.

Sobraram ataques e agressões no segundo debate entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB), realizado hoje (quinta, 16) no SBT. E, em cerca de uma hora e meia, mal houve discussão sobre propostas de governo. O novo embate de segundo turno entre os presidenciáveis repetiu a maioria dos assuntos abordados no encontro promovido pela TV Bandeirantes na última segunda-feira (14), como Petrobras e aeroportos mineiros. Mas, em termos de ofensas e falta de proposições, superou o anterior.

Mediado pelo jornalista Carlos Nascimento, o debate começou com Aécio insistindo no tema da corrupção na Petrobras, com discurso idêntico ao do programa anterior (“A senhora sempre diz que não sabe de nada e não tem a menor ideia sobre isso”) – a exemplo da resposta de Dilma, na linha das acusações de que o PSDB “jamais investiga” desmandos em seus governos (“Quem investigou [a Petrobras]? A Polícia Federal, ao contrário do passado. Pela primeira vez, o Brasil vai ter um combate à corrupção”).

A tensão aumentou quando Dilma quis saber a opinião de Aécio sobre a Lei Seca – o senador mineiro não quis se submeter a teste de bafômetro em 2011, no Rio de Janeiro, e teve o carro retido em uma blitz porque também dirigia com carteira de habilitação vencida. Nas palavras do tucano, Dilma “baixou o nível do debate”.

“Tenha coragem de fazer a pergunta direta”, retrucou o tucano, com semblante carregado. “Eu tive um episódio e reconheci. Minha carteira estava vencida. Inadvertidamente, não fiz o exame, já me arrependi. Seja correta, seja séria. Mentir e insinuar, como a senhora faz agora, é indigno para qualquer cidadão, ainda mais para uma Presidência da República.”

Dilma reagiu dizendo que o oponente relativizava, com sua resposta, a problemática das mortes no trânsito “devido a motoristas drogados e embriagados”: “Acho que o senhor está tentando diminuí-la [a lei]”, reagiu a candidata petista, deixando ainda mais clara a intenção de atacar Aécio. “Eu não dirijo drogada ou embriagada.”

Durante três blocos de discussão, Dilma e Aécio pouco discutiram propostas. Segurança pública, educação, política econômica e outros tópicos até chegaram a entrar em pauta, mas foram alvejados com munição que cada candidato trazia – por óbvia orientação das respectivas assessorias, perguntas e respostas propositivas davam lugar aos ataques.

Foi mesmo o tema da corrupção e a troca de ofensas pessoais que nortearam o programa. E em clima de “programa de auditório”, como lembrou Nascimento à claque de Aécio, que o aplaudiu ao fim de um dos blocos.

Cláudio e Montezuma

Antes do episódio da Lei Seca, Dilma iniciou uma das intervenções com as denúncias de que Aécio construiu, como governador, aeroportos que teriam beneficiado sua família em Minas Gerais (nos municípios de Cláudio e Montezuma, onde parentes do tucano têm propriedades). “No Brasil, nós não podemos mais utilizar bens públicos para beneficiar A, B ou C”, discursou a candidata.

Demonstrando muita irritação, Aécio voltou ao discurso do debate anterior. Alegou que as terras onde foram construídos os aeroportos foram legalmente desapropriadas com vistas ao desenvolvimento local. “É muito triste ver uma presidente da República mentindo”, declarou o senador, para quem o Ministério Público atestou a regularidade das obras. E passo ao contrataque.

“Onde estão os 800 aeroportos regionais que a senhora prometeu construir, candidata? Em lugar nenhum, porque o seu governo é o das perguntas sem resposta.”

Delação

Outro momento de tensão foi quando Dilma provocou Aécio sobre uma notícia publicada no início desta noite pelo site do jornal Folha de S.Paulo. Segundo a Folha, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou, em depoimento ao Ministério Público Federal, que pagou propina para o ex-senador e ex-presidente nacional do PSDB Sérgio Guerra, vítima de um câncer em março. O objetivo da propina seria esvaziar uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) criada em 2009 para investigar a estatal.

Para Dilma, deve-se sempre investigar “quem recebeu [a propina], como recebeu, quando e para quem distribuiu”. “Pela primeira vez a senhora dá importância às denúncias do senhor Paulo Roberto”, rebateu Aécio, lembrando que foi ao Supremo Tribunal Federal, na companhia de outros parlamentares, pedir a instalação da CPI. “Há 12 anos os cofres estão sendo assaltados.”

Nepotismo

Em clara reação ao debate anterior, quando Dilma falou dos parentes de Aécio empregados na administração pública, o candidato fez menção a um dos familiares da presidenta. Trata-se de Igor Rousseff, único irmão de Dilma, nomeado assessor especial da Prefeitura de Belo Horizonte em 2003, quando ela era ministra de Minas e Energia na gestão Lula. Quando Igor se desligou do posto, em dezembro de 2008, exercia a mesma função na Secretaria Municipal de Orçamento e Planejamento.

“Infelizmente, agora sabemos por que a senhora disse que não nomeou parentes em seu governo. A senhora pediu que seus aliados o fizessem”, declarou o senador, referindo-se ao prefeito da capital, Fernando Pimentel (PT), eleito governador de Minas no último dia 5 de outubro.

Dilma também voltou à carga disparada na TV Bandeirantes, mencionando uma série de pessoas que teriam sido beneficiadas devido ao parentesco com o ex-governador de Minas. “Dentro do governo federal, e dentro do Governo do Estado de Minas, não pode ter uma irmã, um tio, três primos e três primas. O senhor tem que dar conta de todos, não só da sua irmã”, atacou a petista, aumentando a intensidade da acusação. “Todo mundo sabe que ela era a responsável pela destinação de verbas em todas as questões relativas a propaganda [oficial].”

Metrô

Em um dos curtos intervalos de tempo em que propostas foram comentadas, Aécio contestou a política de mobilidade urbana do PT e as ações do governo no setor dos transportes. Era uma menção indireta às manifestações de junho de 2013, quando o tema foi tido como o estopim para as manifestações de rua que abalaram o Brasil por semanas – e, consequentemente, colocaram o governo federal, bem como a política em geral, em xeque.

“Tem metrô sendo construído por todo o Brasil, candidato, porque vocês jamais investiram em transporte público quando foram governo”, rebateu Dilma, novamente comparando seu governo com a gestão tucana. “Vocês nunca, quando puderam, fizeram.”

Aécio insistiu no ataque. “Das 200 obras de mobilidade urbana anunciadas pela senhora, 28 fora entregues”, disse o tucano, para quem os petistas “demonizaram as parcerias”, em estratégia que resultou, em sua opinião, “obras paradas e com sobrepreço”. “O senhor tem que se informar melhor, as obras estão andando”, replicou a presidenta.

Mal estar

Dilma passou mal quando dava entrevista ao vivo, ao fim do debate, e precisou sentar. Má alimentação e pressão baixa foram os motivos elencados por interlocutores da presidenta, que logo se recuperou e tentou dar continuidade à entrevista. Mas uma repórter do SBT, alegando restrições de tempo, pôs fim à conversa.

O próximo debate será realizado pela TV Record em 19 de outubro, um domingo, exatamente a uma semana do segundo turno (26). Será o penúltimo embate entre Dilma e Aécio – no próximo dia 24, sexta-feira, a dois dias da decisão final sobre a sucessão presidencial, será a vez do encontro na TV Globo.

 

› FONTE: Congresso em foco

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