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Aprender com Cuba - por Viegas Fernandes da Costa

Publicado em 31/08/2013 Editoria: Geral Comente!


Nós, brasileiros, queixamo-nos do tratamento que nos dispensam no exterior. Lembro-me, por exemplo, da polêmica envolvendo dentistas brasileiros que exerciam sua profissão em Portugal e não tiveram seus diplomas validados. Indignamo-nos em solidariedade aos nossos compatriotas. Agora, com a chegada dos médicos cubanos ao nosso país, mostramos nossa face xenófoba. As cenas protagonizadas por médicos na entrada da Escola de Saúde Pública do Ceará, na última segunda-feira, envergonha-nos diante do mundo e escancara a barbárie de profissionais cuja principal virtude deveria ser a capacidade de compreender o ser humano e auxiliá-lo em suas dores.

A hostilidade direcionada aos médicos cubanos em Fortaleza, entretanto, é apenas a ponta do iceberg, e merece reflexão. Primeiramente porque não só de Cuba provêm os médicos contratados em caráter temporário pelo governo federal. Itália, Portugal, Espanha, Argentina, Rússia, Bolívia e Uruguai são alguns dos demais países de origem. Então a pergunta é: por que justamente os cubanos são hostilizados? Parece-me que a resposta não está nas questões de saúde, mas no preconceito que uma elite nutre em relação ao regime político e econômico estabelecido naquela pequena ilha caribenha.

Outra pergunta que gostaria de fazer é: por que duvidarmos da qualidade da formação médica cubana? Importante dizer que 60 nações possuem acordos de intercâmbio médico com Cuba, país que derrubou sua taxa de mortalidade para 4,5 por mil (a menor da América Latina), tão diferentemente do Brasil, cuja taxa é de 13,6. Além disso, nada indica que nossa formação seja melhor que a deles, pelo contrário. O exemplo dado pelos médicos brasileiros em relação aos seus colegas cubanos dá a real dimensão da falência de nossa universidade. Porque uma universidade incapaz de ensinar ética aos profissionais que forma, não pode ser séria.

Muitos médicos cubanos que ingressam no Brasil têm ampla experiência no atendimento à atenção básica e em países cuja precariedade na saúde equipara-se à brasileira. Ao invés de hostilizá-los, nossos médicos deveriam exercitar a humildade e aprender com eles a exercer uma medicina menos elitizada e mais próxima das necessidades da nossa população, tão carente de atendimento.

 

*Viegas Fernandes da Costa: [email protected]

 

› FONTE: Floripa News (www.floripanews.com.br)

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