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Dia da luta antimanicomial é abordado em sessão da Câmara de Vereadores da Capital

Publicado em 22/05/2018 Editoria: Florianópolis Comente!


Foto: CMF

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O grande expediente da sessão ordinária da Câmara de Vereadores da última quarta-feira (16) foi destinado para falar sobre o Dia da Luta Antimanicomial. Representando a Associação Alegremente e os usuários dos Centros de Atenção Psicossocial (CAP’s), Valdevino Alves do Nascimento fez uso da tribuna e apresentou reivindicações em prol da melhoria da saúde mental no município.

Valdevino apontou que é necessário melhorar a qualidade no atendimento à saúde mental. “Hoje enxergamos um regresso de uma luta que existe há 30 anos. Hospitais psiquiátricos sendo abertos novamente e tratamentos radicais que prejudicam a recuperação dos pacientes”.

O representante relembrou também o pedido recorrente de criação de um Centro de Atenção Psicossocial de nível III. Destinado a um território com população acima de 200 mil habitantes (critério para implantação), o CAP’s é referência para um território com população de até 150 000 habitantes. Não há limite de idade para a utilização. O atendimento ao paciente, além de medicamentoso e de psicoterapia, inclui visita/atendimento domiciliar e atendimento à família.

O CAPS III constitui-se no principal dispositivo CAPS e presta um serviço de atenção contínua, durante 24 horas, diariamente, incluindo feriados e finais de semana, com capacidade de acolhimento, observação e repouso noturno. No caso da necessidade do usuário utilizar o leito noturno, a utilização não pode exceder sete dias consecutivos ou dez dias não consecutivos.

De acordo com notícia publicada no site Notícias do Dia no mês passado, com a recente aprovação do polêmico projeto “Creche e Saúde Já”, a prefeitura de Florianópolis irá implantar na UPA do Continente, que será gerida por OS, uma unidade do CAPS III com 12 leitos para internação. 

Dia da luta antimanicomial

Celebrado anualmente no dia 18 de maio, no Brasil, o Dia Nacional da Luta Antimanicomial foi instaurado em 1987, durante o Congresso de Trabalhadores de Serviços de Saúde Mental, em Bauru. Com isso o Movimento da Luta Antimanicomial ganhou visibilidade e o lema adotado foi “Por uma sociedade sem manicômios” e estabeleceu uma nova trajetória de Reforma Psiquiátrica Brasileira.

Nota da ABP

Recentemente, a novela O Outro Lado do Paraíso abordou tanto em seus capítulos iniciais, quanto no último capítulo da trama, a violência e o descaso que fez e faz da luta antimanicomial uma batalha constante por diversos setores da sociedade. 

Por conta disso, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) divulgou, no dia da luta antimanicomial, uma nota de repúdio às cenas passadas na novela.

Vale ressaltar que o tratamento concedido às pessoas em sofrimento mental é repleto de polêmicas e transformações ao longo dos anos. Na Grande Florianópolis, o único serviço de urgência em psiquiatria disponível 24h às pessoas em sofrimento mental é o Instituto Psiquiatria de Santa Catarina (IPQ), antigo hospital Colônia Santana, localizado em São José. Na instituição, a eletroconvulsoterapia (eletrochoque) foi abolido por volta de 1984. 

Confira a nota da ABP na íntegra:

 

"O outro lado do paraíso", novela da Rede Globo, mantém atitude preconceituosa em seu último capítulo 

Mais uma vez, o autor Walcyr Carrasco, no capítulo final de sua novela "O outro lado do paraíso", exibida pela Rede Globo, manteve a atitude preconceituosa em relação à psiquiatria e seus métodos terapêuticos. A Associação Brasileira de Psiquiatria - ABP vem novamente a público para esclarecer o uso da Eletroconvulsoterapia, reiterar sua nota anterior sobre a segurança desse procedimento médico.

No folhetim, a personagem Sofia, interpretada pela atriz Marieta Severo, é internada em um hospital psiquiátrico e é encaminhada à força para a sala onde receberá o eletrochoque. A eletroconvulsoterapia, como instrumento terapêutico, não tem semelhança alguma com o que apresenta a cena da novela e é fundamental orientar a população por meio da imprensa quanto a isso.

O uso da ECT no Brasil é regido pelo Conselho Federal de Medicina - CFM, que exige diagnóstico preciso e condições específicas para sua aplicação. Durante o folhetim, a terapia é utilizada com fins pejorativos e de punição, o que reforça o estigma que ainda paira sobre a psiquiatria, seus médicos e pacientes.

De acordo com o CFM, conforme suas resoluções nº 1.640/2002 e nº 2.057/2013, a ECT deve ser realizada sempre com o consentimento do paciente mediante termo, em ambiente adequado, mediante indicação do psiquiatria e após devida avaliação, na presença de equipe multiprofissional, incluindo médico anestesista e enfermeiro. O paciente, anestesiado, recebe baixa corrente elétrica que induz à convulsão, com duração de cerca de 30 segundos.

O procedimento é indicado para quadros que não apresentem resposta aos medicamentos e às demais terapias, como depressões graves, ou quadros em que a medicação tradicional não pode ser administrada, em gestantes e mulheres que estão amamentando, por exemplo. Sem este recurso, tais pacientes podem vir a sofrer riscos bastante severos, incluindo risco de suicídio. A Eletroconvulsoterapia, assim como a Cardioversão Elétrica, usada para reversão de arritmias, salva vidas de inúmeros pacientes psiquiátricos.

A técnica é eficaz e segura e seu sucesso terapêutico é destacado por inúmeros estudos relacionados ao tema, publicados em periódicos de grande valor científico . O procedimento é praticado nos hospitais das principais escolas de medicina de universidades brasileiras e de outros países.

Com base nas considerações acima, a ABP volta a manifestar publicamente sua inconformidade com a cena veiculada, assim como o fez na primeira vez em que a ECT foi utilizada pejorativamente durante a novela, em novembro de 2017. A peça, mesmo que ficcional, presta desserviço à comunidade e estimula o preconceito e o estigma relacionado às doenças mentais, aos pacientes psiquiátricos e à psiquiatria.

 

 

 

› FONTE: Floripa News (www.floripanews.com.br)

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