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Grupo de trabalho discutirá integração de quilombolas em parque no sul do estado

Publicado em 30/10/2017 Editoria: Geral Comente!


Um grupo de trabalho integrado por representantes da empresa Geodiversidade Soluções Geológicas Ltda, prefeitura, trade turístico e comunidades tradicionais de Praia Grande discutirão a integração dos quilombolas de São Roque ao projeto do Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul. A decisão foi tomada durante audiência pública da Comissão de Direitos Humanos (CDH), realizada na noite de quinta-feira (26), na Câmara de Vereadores local.

“A comunidade não está incluída neste projeto. As pessoas vão para lá para fazer visitação, passam pelo território quilombola e mexem com a vida das pessoas, mas a comunidade tem o direito de ser consultada, de ser ouvida sob esta perspectiva”, ponderou Vanda Gomes Pinedo, do Movimento Negro Unificado de Santa Catarina.

“Não temos estrutura para receber ninguém, antes de vender (roteiros turísticos), tem de ter verba para a gente se estruturar. Nós estamos lá há 150 anos e agora chegam e são donos, não temos razão para estarmos desconfiados, se tudo o que foi feito para nós até hoje foi forçado?”, questionou Paulo Volnei de Aguiar.

A secretária de Turismo de Praia Grande concordou com os líderes comunitários. “Os moradores que visitei não estão preparados para receber turistas, não podem oferecer um cafezinho porque não têm xícaras! E os hotéis vendendo e os turistas querendo fazer a rota, mas qual benefício será trazido para essas pessoas?”, perguntou Ana Lúcia Lima.

Jorge Godinho, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Turismo de Criciúma e Região Sul, apoiou a reivindicação. “Os estrangeiros já vêm para visitar os cânions, tem hotel com lista de espera para o ano que vem, só que ainda não pensamos o turismo como uma grande indústria”, avaliou o sindicalista, que lembrou que na comunidade quilombola não tem luz elétrica e que muitos moradores da região ainda usam “patentes de madeira”.

Flávia Fernanda de Lima, da empresa Geodiversidade Soluções Geológicas Ltda, explicou que o conceito de geoparque pressupõe o envolvimento das comunidades tradicionais (quilombolas, indígenas, agricultores familiares, etc.).  “O geoparque vem para desenvolver as comunidades, com o compromisso dos gestores públicos e a parceria dos empresários locais para trazer oportunidades de renda, é um projeto de longo prazo que não traz restrições às atividades econômicas”, informou.

Segundo a geóloga, o projeto de geoparque precisa do apoio das comunidades para ser aprovado pela Unesco, órgão das Nações Unidas (ONU). “A Unesco valoriza muito os povos tradicionais, então o projeto do geoparque pode colaborar para resgatar as histórias dessas comunidades”, pontuou Flávia Lima, enfatizando que o projeto “não tem dinheiro” e que está na fase de “identificação das demandas específicas”.

Dirceu Dresch (PT) reforçou a necessidade de diálogo. “É preciso dialogar, porque o turismo vem na direção de gerar renda na comunidade, hoje eles não estão satisfeitos com turistas circulando sem perspectiva de geração de renda para a população local”, argumentou o presidente da CDH.

Manoel Mota (PMDB) defendeu a criação do geoparque. “É um parque da Unesco, significa que se implantarmos vamos ter muitos recursos na região, nós temos o potencial, vai vir gente do mundo inteiro para cá, é dinheiro que vai entrar, é a qualidade de vida do povo que vai melhorar”, garantiu Mota.

O prefeito de Praia Grande, Henrique Maciel, destacou a importância da criação do geoparque. “Este patrimônio natural é capaz de modificar a vidas das pessoas, vai colocar o nosso município e a região na vitrine, vai trazer tudo aquilo que nós sonhamos”, declarou o prefeito.

Participação massiva

Líderes quilombolas, agricultores familiares, donos de pousadas, guias turísticos, agentes públicos de Praia Grande e dos municípios vizinhos que integram o geoparque, vereadores, representantes do governo do estado e da Agência de Desenvolvimento Regional de Araranguá lotaram o plenário do legislativo local.

Também participou da audiência pública o vereador de Florianópolis, Lino Peres, que foi acionado pelos líderes quilombolas da comunidade de São Roque para ajudar na resolução do impasse.

› FONTE: Vítor Santos - AGÊNCIA AL

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