Nos Garimpos da Linguagem Por Lia Leal
Para quem conhece Português, nada mais triste do que encontrar um texto crivado de crases nos lugares mais absurdos. Geralmente o autor da preciosidade ainda tenta explicar, querendo dizer que o interlocutor é que está errado. E é aí que comigo ele se engana, porque uso de um argumento fatal: justifique a existência dessa crase. A partir desse momento o coitado começa a se embrulhar de tal forma que não há retorno: o jeito é ele aceitar que está errado e rapidamente buscar saber o que é a crase, descobrindo, entre outras coisas, que ela não encerra mistério algum e não está na gramática para humilhar ninguém.
Então vamos lá! O que é a crase? E vocês responderão como aprenderam no fundamental: é a contração da preposição A com o artigo A. Não só! A crase pode ocorrer também com o A inicial dos pronomes demonstrativos aquele, aquela, aquilo, aqueles, aquelas.
Ora, se para a contração precisamos de uma preposição A e de um artigo A, vamos ter de justificar DE ONDE vêm essas palavras. Geralmente a preposição vem do verbo. Logo, você terá de conhecer regência verbal para saber se o verbo pede ou não a preposição A para ligar-se ao seu complemento. Se não pedir, mesmo que o substantivo seja regido do artigo A, não poderá haver contração. Nesse entendimento reside a chave do problema. Se você entendeu a proposição acima, não errará mais a colocação da crase. Mas lembre-se: você precisa saber também o que é artigo definido, o que é preposição, o que é regência verbal e qual a regência do verbo que você está usando. Isto é fácil: bons dicionários, como Houaiss, Aurélio e Michaelis trazem a regência de todos os verbos, com exemplos em frases e as abreviaturas: vtd – verbo transitivo direto; vti – verbo transitivo indireto; vi – verbo intransitivo.
Você só não precisará do artigo A para fazer a crase quando esta ocorrer com o A inicial de aquele, aquela, aquilo, etc., como vimos acima. Exemplo: Refiro-me àquele artigo que li no jornal de ontem. De onde veio essa crase? O verbo referir-se pede a preposição A, pois quem se refere, sempre se refere A alguma coisa. Como se refere a aquilo, esses dois AA podem fundir-se num só, que é a crase, indicada pelo acento grave: À.
É preciso deixar isto bem claro: a crase não é o acento; esse acento grave indica a presença da crase. Com base nessa explicação, podemos dizer, com absoluta segurança, que NÃO OCORRE CRASE:
Nota: É opcional o uso de crase diante de pronomes possessivos e de nomes de pessoas; neste último, a crase dá certo sentido de intimidade com a pessoa a que se refere: entreguei o livro a (ou à ) sua irmã; encaminharei o protocolo a (ou à) Cláudia.
Veja que aqui a substituição pelo masculino também esclarece que a crase é opcional: tanto posso dizer a seu irmão, como ao seu irmão; a Cláudio como ao Cláudio.
Espero que a nossa aula não tenha sido aborrecida. Até a próxima. E, se você tiver alguma dúvida, escreva-nos que procuraremos encontrar a solução, certo?
Lia Leal
Escritora
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